sábado, 19 de dezembro de 2009

Duas crianças morrem com suspeita de meningite em Olinda

Duas crianças morreram, nesta sexta-feira (18), com suspeita de meningite meningocócica em Olinda. A primeira vítima foi um bebê do sexo feminino de um ano e um mês, Maria Eduarda de Almeida Silva, e a segunda, uma menina de 11 anos, Heliolayne Correia da Silva. O corpo de Maria Eduarda será enterrado no final da manhã deste sábado, no cemitério de Casa Amarela, no Recife. Já o sepultamento de Heliolayne será às 15h, no cemitério de Paulista. As crianças moravam no bairro de Rio Doce, sendo o bebê na 4ª Etapa e a menina, na 5ª Etapa.
 A secretária de Saúde de Olinda, Tereza Miranda, já registrou os dois casos e afastou a possibilidade de estar havendo um surto da doença na cidade. “Não está configurado um surto de meningite, já que os casos vêm caindo desde 2007. Além disso, os dois casos não têm ligação um com o outro, apesar de ser no mesmo bairro”, assegurou.
 Tereza Miranda explicou que exames bacteriológicos foram feitos nas duas crianças pelo Hospital Correia Picanço e que os resultados só devem ficar prontos em sete dias. “Apenas com esse diagnóstico será possível confirmar a ocorrência da meningite”, esclareceu. Mesmo sem a confirmação, a secretaria afirma que já está tomando providências para conter o avanço da doença.Neste sábado, alunos e professores da Escola Pró-menor estão sendo avaliados por uma equipe médica do departamento de vigilância epidemiológica da secretaria que foi à escola. Os que apresentam sintomas suspeitos, como febre, vômito e dor de cabeça, devem receber a quimioprofilaxia, uma vez que não há vacina disponível para evitar a contaminação pela doença. Ontem, uma operação de bloqueio foi feita com as pessoas que tiveram contato com Maria Eduarda e outra, na casa de Heliolayne e com pessoas próximas a ela.“O que deve ser feito é, todas as vezes que surge um caso da doença, providenciarmos o bloqueio e o monitoramento, através de profilaxia nas unidades de saúde, e verificarmos o entorno para ver se surgem novos casos”, explicou Miranda.
 A professora da Escola Pro-menor, Rivani Nasário, que ensinava a Heliolayne, contou que mais três crianças que moram na 5ª Travessa da Rua 1, a mesma da menina, estão apresentando febre e dor de cabeça. Outras 100 pessoas tiveram contato com a criança desde que ela apresentou os primeiros sintomas, afirma a professora. 
Os casos

Heliolayne cursava o segundo ano do segundo ciclo, o equivalente à 4ª série primária. Na última quarta-feira, a aluna sentiu uma dor de cabeça forte e pediu à professora para ir para casa. Na quinta-feira, aparentando estar melhor, a menina chegou a participar da encenação do Auto de Natal, numa praça próxima à escola. Na sexta-feira, amanheceu com febre alta, dor de cabeça e vômitos e só então pediu ajuda em casa.
 Ela foi levada para a urgência pediátrica de Peixinhos, onde, segundo familiares da garota, não recebeu os socorros devidos. “O médico nem chegou a vê-la. Nós pedimos para agilizar o serviço, mas pediram pra gente ter paciência. Aplicaram uma injeção de dipirona e mandaram ela pro Correia Picanço. O que aconteceu no posto foi um massacre. Não era para a minha filha morrer”, desabafou a mãe, Vera Lúcia Correia. Heliolayne deu entrada no Correia Picanço às 17h30 e faleceu às 22h desta sexta-feira.A secretária de Saúde de Olinda nega que tenha havido negligência no atendimento. “Foi tudo feito em tempo. Mas a evolução da doença é grave”, justificou.
 Heliolayne havia sido premiada na escola para passar este sábado no Parque da Jaqueira. “Ela era uma menina dedicada e meiga. Participou da gincana de conhecimentos e foi selecionada com mais 34 alunos para passear na Jaqueira. A escola só soube hoje que ela faleceu”, lamentou a professora. A preocupação, agora, é com a saúde dos alunos e professores que estiveram em contato com a jovem. “A situação deixa todos apreensivos e preocupados porque várias pessoas tiveram contato com a criança”, disse a diretora da escola, Nizélia Azevedo.
 Já o bebê Maria Eduarda de Almeida Silva só apresentou febre alta, sem os outros sintomas da doença. A tia da criança, Michele de Almeida, contou que a sobrinha foi levada, na quarta-feira (16), ao Hospital Agamenon Magalhães e, depois, ao Imip, onde faleceu na sexta-feira (18). A família foi orientada no próprio Imip a tomar medicações para evitar a propagação da doença. De acordo com Michele, até então, nenhum parente apresentou sintomas de meningite.

Prevenção
A secretária de Saúde de Olinda, Tereza Miranda, garantiu que não há motivo para pânico na cidade. Ela orienta as pessoas que sentirem febre, dor de cabeça e vômito a procurarem uma urgência médica. Em Olinda, a urgência pediátrica fica na Avenida Costa Azevedo, em Peixinhos, e a adulta, no Varadouro, além do Hospital Tricentenário.
 A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis ou Neisseria intracelullaris. A transmissão é feita através de contato direto com secreções da garganta ou do nariz de pessoas portadoras da doença.
 Por Ana Cláudia Dolores e Ana Cláudia Eloi, da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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