sábado, 4 de abril de 2009

CANTINHO LITERÁRIO


CANTINHO LITERÁRIO

Por: Antonio dos AnjosPresidente da Academia Afogadense de Letras AALE-mail: violasony@ig.com.brBlog da AAL: http://www.aaletras.blogspot.com/

A Literatura na Escola Não é recente a relação da nossa escola, e em especial da disciplina Língua Portuguesa, com a literatura. Quando se criou o Colégio Pedro II, em 1837, o estudo da Língua Portuguesa foi incluído no currículo sob a forma das disciplinas Retórica e Poética, abrangendo esta última a literatura. Desde então, a relação entre a disciplina Língua Portuguesa e a literatura, quer no Ensino Fundamental, quer no Ensino Médio, vem-se desenvolvendo ao sabor de uma tradição, mas também das mudanças educacionais e sociais, das tentativas de inovação pedagógica e do funcionamento do mercado editorial. A partir dos anos 1980, inicia-se um período de vigência de outros cânones, com o trabalho da literatura na escola começando a ganhar outro contorno. Em formação desde meados da década anterior, a literatura infanto-juvenil (para muitos uma produção tipicamente escolar e uma grande invenção comercial) chega com mais força às escolas e às aulas de Língua Portuguesa. Desde então se produzem outros cânones, os escolares, que são os romances de enigma, de suspense e de terror, de aventura e de amor, como dizem as próprias crianças. Para o antigo cânone literário, fortemente ancorado nos autores brasileiros e portugueses, estão os atuais, apoiados não mais em certos autores, mas nos diferentes gêneros em que esta produção se distribui. Uma produção que está longe de ser pequena: segundo relatório da Câmara Brasileira do Livro, em 1998 foram produzidos 69.085.999 exemplares de livros para a infância e juventude, distribuídos em 14.010 títulos. Produção que tem na escola e na disciplina de Língua Portuguesa um mercado cativo, em 1998, de mais de trinta milhões de crianças. Uns lamentando e criticando duramente o que consideram uma banalização da literatura, outros reafirmando a soberania dos clássicos na formação do leitor e outros, ainda, em favor de mais diversidade. Uns anunciando a morte do livro e do leitor, enquanto outros celebrando o crescimento do mercado editorial. O Livro como Mercadoria Aos poucos, parece que certo segmento da sociedade, aquele com um poder aquisitivo que não o exclui do circuito de consumo, aquele já escolarizado, que é, por exemplo, leitor de jornais e revistas, está sendo chamado não só a se colocar perante a discussão em torno do livro, mas também está sendo convocado a participar de forma mais intensa desse mercado. Nos dias de hoje, indo à videolocadora pode-se ganhar este ou aquele livro na locação de "x" fitas. Nas lojas da 100% Vídeo, rede bastante conhecida de locação de fitas de vídeo, em Campinas, pouco tempo atrás, a prateleira que oferecia livros como brinde ficava ao lado da geladeira de sorvetes e refrigerantes e dali oferecia-se ao espectador de filmes, convertido em leitor pela campanha. Nas bandas de jornal, comprando-se a Folha de SP em certos dias da semana, leva-se por algum pequeno valor a mais um livro-brinde, em geral um clássico de nossa literatura. Na imagem da campanha que habita o próprio jornal, projeta-se o leitor pretendido: o jovem (homem) bem-sucedido que, habituado a um veículo, digamos mais ligeiro, pode converter-se em leitor de algo mais refinado, como parece desejar o jornal. Ao lado de tais campanhas, em que o livro é vendido na compra de outro produto, surgem aqui e ali as livrarias que também oferecem brinquedos, revistas, café, CDs, etc. mas poucos lêem prazerosamente, uns por obrigação, outros, bem os outros me reservo a não comentar.

ROTINA DE UM ABANDONADO
Seus olhos me embriagam
Sua boca me enlouquece
Seu corpo me encanta
E seu sorriso me adormece
Com uma dose de desejo
Ou uma apócrifa prece
Será que uma noite de amor
Este Escritor merece?
Se sim, voarei no espaço
Junto da emoção que cresce
Se não, chorarei na chuva
Junto do meu coração que padece
Arrastando-me para a sarjeta
Comendo o lixo que apodrece
Amanhecendo embriagado na rua
Como alcoólatra que se esquece
Do endereço e do próprio nome
Sob o calor do sol que aquece
O frio subúrbio do sofrimento
De um amor que não acontece
Preso na masmorra do abandono
Se amo de dia, logo anoitece
Refugiado nas sombras da hipocrisia
Se amo de noite, logo amanhece
Com o poder que tem o amor
O meu coração logo floresce.
Autor: Antonio dos Anjos
12 de janeiro de 2009.

RESQUÍCIOS
O passado no presente
Ressuscitando o que não morreu
A noite invadindo o sol
Ficando escuro como breu
Revoltado igual às ondas
Que num rochedo bateu
Os fragmentos recolhidos
Sentimentos retorcidos
No coração se escondeu.
Inerte como as pedras
Passos largos a caminhar
Sob a branca areia
Dormindo nos braços do mar
O verde azul das águas
Uma canoa a balançar
São os resquícios desta vida
Pouco tempo e muita lida
Quando queremos amar.
O amarelo branco do sol
Fazendo o dia nascer
Ventos vindos lá do norte
Buscando então varrer
As poeiras dos cantos
Que procuram se esconder
Embora não querem ir
Necessitam resistir
Se pretenderem aqui viver.
O verde manto do lodo
Deslizando pelo rochedo
Borboletas vagueando
Sem conter nenhum segredo
Por entre as belas flores
Colorindo o arvoredo
É a chuva com a sua magia
Transbordando de alegria
E varrendo todo o medo.
Autor: Antonio dos Anjos viola
09 de agosto de 2008

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