segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Quércia desiste da candidatura ao Senado

Doença faz candidato do PMDB Orestes Quércia desistir de concorrer ao Senado por São Paulo; partido apoiará Aloysio Nunes (PSDB) 
O candidato do PMDB a uma das duas vagas ao Senado Federal por São Paulo, Orestes Quércia, desistiu da candidatura. O partido vai apoiar o nome do tucano Aloysio Nunes Ferreira, que também herdará o tempo do horário eleitoral gratuito destinado até agora a Quércia.
Orestes Quércia está internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde terça-feira passada, para tratamento da "recidiva de um tumor de próstata" que ele teve há dez anos. Quércia já foi submetido a uma sessão de quimioterapia e deverá passar por mais quatro sessões.
Em conversa com os jornalistas, a filha de Quércia, Andréia Quércia, disse que a decisão de desistir da candidatura foi tomada ontem, em uma reunião com toda a família. “Pela primeira vez, ele colocou o lado pessoal na frente do Orestes Quércia do PMDB”, afirmou. Andréia disse que a família ajudou o ex-governador a tomar a decisão, dado que Quércia relutou muito para desistir. “Não houve orientação médica para que ele deixasse a campanha”, afirmou. Segundo Andréia, o pai “sempre que faz alguma coisa, é 100%, mas como ele não estava 100%, decidiu sair”.
47 anos de vida pública
Quércia desiste de uma eleição depois de 47 anos de vida pública. Foi vereador, prefeito, deputado estadual, senador, vice-governador e governador de São Paulo. Desde 1990, no entanto, acumula seguidas derrotas eleitorais. Foi eleito pela primeira vez em 1963, como vereador em Campinas pelo Partido Libertador (PL). Ajudou a fundar o MDB, após o golpe de Estado de 1964. No PMDB, fez dobradinha com Ulysses Guimarães e elegeu-se deputado estadual. Em 1968, chegou à Prefeitura de Campinas.
Em 1974, Quércia foi eleito senador, desbancando Carvalho Pinto, da Arena, então favorito ao cargo e apoiado pela ditadura. Em 1982, chegou ao Palácio dos Bandeirantes como vice-governador de Franco Montoro. Criou a Frente Municipalista Nacional pelas Diretas e Constituinte. Em 1986, foi eleito para o governo de São Paulo, no auge de sua carreira política. Quatro anos depois, fez o sucessor, Luiz Antonio Fleury. Foi candidato à Presidência da República e ficou em quarto lugar.
De lá para cá, passou a ter mais influência nos bastidores, com controle de parte do PMDB paulista e das empresas das quais tinha participação, como emissoras de rádio e jornais. Tentou voltar ao Palácio dos Bandeirantes em 2006, mas amargou a terceira colocação, com menos de 10% dos votos. Em 2008, apoiou a candidatura de Gilberto Kassab (DEM) à Prefeitura de São Paulo, que conseguiu a reeleição.
Neste ano, desafiou o comando nacional do partido e seu adversário na disputa interna, Michel Temer (PMDB), e deu apoio e palanque a Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB, para disputar o Senado. A volta de uma doença que parecia ter sido curada há dez anos, no entanto, o tirou da disputa.
 Ricardo Galhardo e Matheus Pichonelli, iG São Paulo 

 

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