domingo, 3 de maio de 2009

EMÍDIO : “UM MILHÃO PARA FAMÍLIA VALADARES”



EMÍDIO : “UM MILHÃO PARA FAMÍLIA VALADARES”
Nome da ala oposicionista do PT, Emídio Vasconcelos fala em 2012, critica a Frente Popular e o governo Totonho : “A Frente que se diz popular autoriza o prefeito e seus familiares a receberem mais de um milhão de reais em quatro anos e se cala por conveniência”, disparou.

Correio de Notícias: Na edição passada do Jornal Correio de Notícias o atual Secretário de Agricultura Luiz Odon afirmou que o povo queria um terceiro candidato e que Júnior Moura não foi esse nome. Seu nome foi cogitado durante muito tempo como o nome da terceira via. Significa que a opção que faltou para o povo foi Emídio Vasconcelos?
Emídio Vasconcelos: Eu concordo com Luiz Odon, quando ele afirma que faltou um nome que sintetizasse um projeto não um nome por si só mas um projeto que simbolizasse uma alternativa de poder trazer para Afogados da Ingazeira que significasse verdadeiramente uma mudança programática de governo, algo que simbolizasse um novo momento para Afogados da Ingazeira. Nesse sentido eu concordo com ele independentemente do nome. Não quero dizer que seja o nome de Emídio Vasconcelos, mas isso retrata um pouco do que Emídio representou, representa e imagina do que possa ser o poder público em Afogados da Ingazeira. Que não seja necessariamente o nome de Emídio. A discussão fica em torno de opções políticas de concepção da gestão pública de discussão do que é prioridade para o povo e na busca de exercer um mandato não necessariamente comigo, mas a pessoa que represente esse projeto como instrumento da transformação de uma sociedade e não como um bem a ser usufruído. Para mim essa é a grande questão que está em debate. Se esse candidato vem com o nome de Emídio é uma discussão a ser pautada, como pode ser também com qualquer outro nome. Eu digo que esse projeto tem que existir em Afogados da Ingazeira, porque existe uma necessidade real de que haja um fortalecimento do avanço político e se promova a renovação dos quadros das lideranças políticas no município.

CN: O PT se dividiu no pleito de 2008: uma ala apoiou Totonho Valadares, mas não conseguiu eleger nenhum vereador. A outra ala liderada por você e por Joana D'arc fez uma campanha independente e conseguiu eleger 2 vereadores (Joana D'arc e Renon de Nino) e ainda conseguiu a Presidência da Câmara com Renon de Nino. Isto significa que o discurso da ala liderada por você e por Joana D'arc está na realidade mais próxima do povo?
Emídio Vasconcelos: Primeiro o debate político em Afogados da Ingazeira ficou comprometido nesse pleito passado. Eu acho que o Ministério Público em Afogados da Ingazeira prestou um desserviço a democracia, quando o nosso grupo com Joana D'arc, Renon de Nino e demais companheiros do Partido dos Trabalhadores defendiam a candidatura própria. Entramos na justiça nessa perspectiva para preservar um direito líquido e certo do Partido dos Trabalhadores com candidatura própria e lamentavelmente o MP deu um parecer dizendo que na frase “deverá registrar candidatura em cartório” esse deverá não seria obrigatório. O entendimento das mais variadas correntes de pensamentos jurídicos tem sinalizado que foi um grande equívoco. A Democracia e a eleição em Afogados da Ingazeira no meu entender ficou comprometida. No que se refere a divisão do Partido, isso ficou bem claro. Enquanto nós discutíamos uma afirmação do Partido dos Trabalhadores, uma discussão com a sociedade de um projeto político, tinha um outro grupo que defendia claramente a subserviência a eleição e apoio incondicional ao prefeito Antonio Valadares. Você toma posições políticas que não são necessariamente compreendidas pela sociedade, muitas vezes você tem uma vitória política e uma derrota eleitoral. No nosso caso eu acredito que nós tivemos uma vitória eleitoral, porque fizemos dois vereadores dentro do Partido dos Trabalhadores. Esses dois vereadores que por opção política, não por opção partidária mesmo, não subiram no palanque da Frente Popular e conseguiram se eleger, indicando que o Partido dos Trabalhadores teve uma vitória eleitoral, mas sobretudo política.

CN: O que o PT estar trazendo de novidades a frente da Câmara Municipal de vereadores em Afogados da Ingazeira e que pode ser referência para o Poder Executivo?
Emídio Vasconcelos: Uma palavra chave pra resumir é “transparência” uma das grandes conquistas da Câmara de Vereadores, através do vereador Renon de Ninô. Outra coisa e que é fundamental e que estimula fazer política apesar da gente sofrer com muitas decepções é a afirmação de outros valores democráticos que são fortalecidos levando a Câmara à autonomia. No meu entender Renon de Ninô não está levando a Câmara à oposição ou situação. Ele está exercendo com autonomia. Isso às vezes é pouco compreendido, porque a dinâmica da política desse País nos mais variados municípios é de forma que o Poder Executivo exerça sobre o Poder Legislativo uma influência, uma imposição hierárquica como se fosse um poder superior, comprometendo o que há de mais sagrado que há na democracia que seria sobretudo a autonomia. Também vejo uma tentativa dele de fazer uma Câmara participativa, de fazer a sociedade participar mais no dia a dia do Poder Legislativo. Esses são exemplos que o executivo poderia seguir: “transparência e a participação popular”, envolver a sociedade na busca das grandes decisões que envolvem o município.

CN: Luiz Odon na edição passada falou que não votaria em Augusto Martins e em José Patriota na eleição de 2012 porque seu candidato iria sair de um grupo independente dentro da Frente Popular. O PT deve apoiar o nome de Augusto, Patriota, o nome que irá sair do grupo de Luiz Odon, Giza Simões ou alguém de seu grupo ou vai sair com uma candidatura própria?
Emídio Vasconcelos: O Partido dos Trabalhadores ainda não iniciou o debate internamente sobre a eleição de 2012, mas eu tenho uma opinião particular a respeito disso : discutir agora nome de Patriota ou de Augusto é prestar um desserviço a sociedade, à democracia e ao próprio Partido dos Trabalhadores. O PT não pode iniciar um debate sobre sucessão em 2012 discutindo nomes, principalmente fora do partido. Se o PT quiser contribuir com o processo político de Afogados da Ingazeira primeiro tem que discutir um projeto político. “Qual o projeto político? Qual a tese? O que é que o PT representa e qual o seu papel na sociedade? O que é que ele defende ?” Respondidas essas perguntas dentro do partido, aí sim você faz uma ampliação de debates com outras forças políticas. De concreto não há nenhuma discussão interna no partido sobre isso, embora eu já tenha essa minha opinião formada sobre o tema.
CN: Com esses grupos independentes dentro da Frente Popular e com a possibilidade de candidaturas próprias, a Frente Popular não corre um risco de esfacelamento e a oposição liderada por Giza Simões ganhar a eleição com uma certa folga?
Emídio Vasconcelos: No meu entendimento a Frente Popular já se esfacelou em seus princípios .Todos aqueles valores que iniciaram a Frente Popular antes de Antonio Valadares chegar a prefeitura no mandato anterior foram completamente comprometidos e desvirtuados. Inclusive, o próprio resultado eleitoral demonstra isso: o projeto de Frente Popular é um projeto fracassado. O prefeito Antonio Valadares durante 4 anos alardeou mais de R$ 52 milhões em obras do governo federal. O governo Eduardo Campos tem um alto índice de popularidade. Juntos, elegeram mais de 65% dos prefeitos que foram candidatos e aqui, a Frente Popular de Afogados da Ingazeira, que hoje eu não a considero tão Popular teve 49% dos votos, então de cada 100 afogadenses que foram as urnas no pleito passado 51 afogadenses rejeitaram o projeto da Frente Popular. Isso é uma derrota política e eleitoral. Ele governa não com a maioria dos afogadenses, mas com a maioria dos que disputaram o pleito, entre Giza, Júnior Moura e o próprio Totonho. O projeto da Frente Popular está fracassado e superado. Só para dar um exemplo: um dos grandes motes de combate que a Frente Popular travava há 20 anos atrás era o que chamava de nepotismo da família Mariano. Isso foi inclusive o que unificou muita gente em torno do projeto da Frente Popular dizendo que a Frente Popular seria diferente. Hoje nós temos um prefeito que só dentro da sua família vai receber nesse segundo mandato mais de um milhão de reais, entre o prefeito, o irmão, o filho e o enteado. Mais de um milhão de reais de salário que os cofres públicos do município de Afogados da Ingazeira pagarão à família Valadares. Isso é ser da Frente Popular? O que é mais preocupante que eu vejo é que as pessoas que foram sempre baluartes de uma discussão política em Afogados da Ingazeira se calam diante disso alguns porque estão recebendo alguns benesses de cargos ou porque pretendem ter o apoio na sucessão de Totonho. Por isso a Frente Popular já está completamente fracassada. Como uma liderança não surge com muita facilidade e como o próprio projeto político de disputa nos últimos 20 anos vem se travando em turno de pessoas é natural que com a votação que Giza teve, de nove mil votos, acaba capitalizando como a principal líder da oposição, o que na verdade pode colaborar pra que daqui a quatro anos haja uma nova disputa entre a ex-prefeita e o sucessor indicado pelo prefeito Antonio Valadares. Para mim está chegando momento de algumas forças políticas de Afogados da Ingazeira discutirem e administrarem essa possibilidade de que é chegado o momento de fazer um novo debate, de se construir uma nova força política, um novo projeto, não em torno de um nome, mas em torno de uma mudança. O PT tem uma organicidade que o credencia para ser um grande enfrentador desse debate. Antonio Valadares já foi prefeito três vezes e em uma disputa que tem nove vagas na Câmara de Vereadores ele fez quatro vereadores. Giza e Orisvaldo tem três mandatos e elegeram três vereadores. O Partido dos Trabalhadores de forma orgânica conseguiu eleger dois vereadores. É uma prova que uma parcela da sociedade já assimila essa discussão. Cabe ao Partido dos Trabalhadores enquanto instituição política e não necessariamente a uma pessoa individual iniciar esse debate.

CN : Essa discussão passa por 2010 ?
Emídio Vasconcelos:Claro. Nós termos eleições para Presidente da República, pra Governador de Estado, Deputados e Senadores e várias alternativas estão sendo consideradas e pode haver até mudanças significativas no quadro nacional que tenha interferência no quadro Estadual e Municipal. Independente desse resultado eu acredito que é chegado o momento do Partido dos Trabalhadores fazer uma agenda propositiva e fazer uma discussão interna primeiramente e segundamente com a sociedade.

CN: Afogados da Ingazeira hoje tem uma quantidade de obras em andamento que impressionam os visitantes, muitas com dinheiro do Governo Lula. Não está faltando habilidade ao PT em ter ganho político com essas obras, já que o Governo Municipal com habilidade sempre consegue esse ganho político?
Emídio Vasconcelos: Eu acredito que ao PT não falta essa habilidade, haja vista que o Partido dos Trabalhadores como foi dito anteriormente elegeu dois vereadores, então de certa forma soube passar para a sociedade e ela entendeu essa discussão ao ponto de ocuparmos duas cadeiras na Câmara de Vereadores. Então foi bem feito esse debate. Claro que poderia ser melhor. Eu discordo de que o prefeito está conseguindo capitalizar essas obras. Ele fala muito em CEFET, fala muito em Centro Digital, fala muito em Anel Viário, ele tenta capitalizar, mas o resultado eleitoral mostra que a população soube diferenciar, soube interpretar onde é que entra o Prefeito, o Governo Estadual e onde entrou o papel do governo federal e aí você ver a sensibilidade da população, o que é um fato positivo, porque a medida que ver as grandes obras do governo Federal, Bolsa Família, Luz para Todos, o prefeito municipal durante o mandato e agora recentemente deixou faltar merenda escolar. Nós estamos no mês de abril e a campanha de vacinação está abandonada em Afogados da Ingazeira. A Secretaria de Agricultura tem a maioria dos cargos ainda não ocupados, está sucateada,sem recursos e sem autonomia. Observe que não há um projeto político deste governo, de maneira que ele não está conseguindo embora tente capitalizar essas obras federais. Eu acredito que a sociedade interpretou bem e deu uma resposta política e uma resposta eleitoral

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