sábado, 12 de junho de 2010

Terra treme em Tacaimbó

Ainda era cedo quando os telefones do laboratório sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) começaram a tocar. Eram moradores de Tacaimbó, no Agreste do estado, avisando que a terra tinha tremido e querendo saber se os equipamentos tinham registrado. Sim, as estações registraram um abalo sísmico de magnitude 2,7, às 6h58 de ontem, com epicentro (origem) na cidade, localizada a 169 quilômetros do Recife. Uma amplitude que não oferece riscos, segundo os especialistas, mas provoca sustos mesmo em habitantes "acostumados".                                                                                                          A região de Caruaru, São Caetano e Belo Jardim, próxima a Tacaimbó, é uma das mais ativas de Pernambuco. O técnico em sismologia da UFRN, Eduardo Alexandre Menezes, ressaltou que a região de Tacaimbó foi estudada, em 2003, quando a cidade de Belo Jardim registrou uma série de eventos. "Precisamos analisar e comparar os dados para verificar se existe relação com os eventos daquela época", afirmou. As análises detalhadas poderão também indicar se o abalo aconteceu na mesma área ou em uma nova região. Segundo ele, o abalo foi registrado nas estações de Cupira, Sanharó, Gravatá, São Caetano, Caruaru, Belo Jardim e, ainda, na de Riachuelo, no Rio Grande do Norte, a 300 km de distância.             "Foi um tremor que veio acompanhado de um ruído mais alto, seguido pelo abalo. Mas eles estão acostumados lá, é reflexo de São Caetano e Caruaru", afirmou Menezes, acrescentando que a maior parte das ligações recebida no laboratório foi de moradores da zona urbana, o que não significa que o abalo não tenha sido sentido também pela população na zona rural. O coordenador do laboratório, Joaquim Ferreira, destacou que alguns trabalhos de mestrado têm desenvolvido estudos na região e já identificaram uma descontinuidade na crosta, chamada de Lineamento Pernambuco ou falha ativa. Essa seria a causa da concentração, nos últimos anos, das principais atividades sísmicas na região, especificamente em Tacaimbó, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru.                                                                                                           Mas surpresas também acontecem. Em março passado, os primeiros tremores foram registrados em Alagoinha, também no Agreste, e ganharam as capas dos jornais. A cidade chegou a registrar 47 abalos em menos de 24 horas, assustando os moradores e provocando rachaduras em algumas casas. Pouco depois, os eventos deixaram de acontecer e a calma retornou à cidade. "Essas possibilidades precisam ser investigadas com calma. Por isso, estamos sempre mandando equipes para a área e instalando novos equipamentos", disse Menezes. 
 Antes de Tacaimbó, o tremor mais recente, com magnitude 2,8, foi registrado em Belém de Maria, na Zona da Mata Sul, e também foi pioneiro. Novamente, o evento despertou a curiosidade dos especialistas sobre a possibilidade de uma nova falha geológica. A máxima magnitude registrada no estado alcançou 4 pontos, em maio de 2006, em São Caetano, no Agreste.
Fonte: www.diariodepernambuco.com.br

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